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Fundo Gradiente

Deixamos de Sonhar? Os Sonhos, perspectivas Geracionais e Culturais

  • Foto do escritor: Rafael Bacarolo
    Rafael Bacarolo
  • 25 de set.
  • 3 min de leitura

Introdução: O Sonho como Pilar Humano


O ato de sonhar transcende o simples desejo de alcançar metas; ele é uma expressão profunda da condição humana. Desde os tempos antigos, o sonho tem sido visto como uma janela para o inconsciente, uma forma de comunicação com o divino ou uma ferramenta para entender o mundo ao nosso redor. No entanto, em um mundo cada vez mais acelerado e pragmático, surge a pergunta: estamos deixando de sonhar?


O Sonho na Psicanálise: Freud e Jung


Freud e o Inconsciente


Sigmund Freud, em sua obra A Interpretação dos Sonhos (1900), propôs que os sonhos são manifestações dos desejos reprimidos do inconsciente. Para Freud, analisar os sonhos era uma maneira de acessar conteúdos psíquicos profundos, oferecendo insights para a compreensão da psique humana.


Jung e o Inconsciente Coletivo


Carl Jung expandiu a visão freudiana ao introduzir o conceito de inconsciente coletivo, sugerindo que os sonhos contêm imagens arquetípicas compartilhadas por toda a humanidade. Para Jung, os sonhos são uma ponte entre o consciente e o inconsciente, facilitando o processo de individuação e autoconhecimento.


Sonhos e Perspectivas Geracionais


Millennials: Entre a Realidade e o Ideal


A geração Millennial, marcada por promessas de sucesso e estabilidade, enfrenta um cenário econômico desafiador que impacta suas expectativas. O sonho de ascender socialmente se tornou mais difícil para muitos. Mesmo com mais educação, acesso à informação, o retorno esperado não se concretiza como antes. Custos com moradia, transporte, alimentação, educação, saúde; inflação corroendo ganhos, juros altos. A realidade bateu à porta!


Geração Z: Sonhos Reconfigurados na Era Digital


A Geração Z (nascidos aproximadamente entre 1997 e 2012) vivencia os sonhos de uma forma distinta — moldada pela ubiquidade digital, pelas crises econômicas e ambientais, e pelas urgências sociais. Para muitos, sonhar não é mais apenas imaginar conquistas individuais (carreira, status, moradia), mas também almejar um sentido, um impacto, uma vida mais alinhada a valores de justiça, sustentabilidade, ética e autenticidade.


Não raro, os jovens da Geração Z demonstram:


  • uma busca por autenticidade: autenticidade não só como estética, mas como coerência entre o que se diz, o que se faz e como se vive;

  • um desejo de equilíbrio entre trabalho, vida pessoal, saúde mental — sonhos que incluem bem-estar emocional, conexões significativas e propósito, não apenas sucesso ou acumulação material;

  • a valorização de causas coletivas: contribuir para algo maior, sentir que seus esforços repercutem além de si — em comunidades, no planeta, no futuro;


Mulher sentada com maiô cor de caramelo e uma nuvem branca no lugar da cabeça, sobre um fundo azul-céu claro. Imagem conceitual de sonhar ou devaneio.

Sonhos nas Culturas Indígenas: A Cosmovisão Yanomami


Cosmovisão Yanomami


A etnografia de Hanna Limulja (O Desejo dos Outros) oferece uma visão profunda de como os Yanomami experienciam o sonho — não como um fenômeno individual ou psicológico isolado, mas como parte viva do cosmos, da comunidade, de outras realidades. Alguns pontos centrais:


  • Entre os Yanomami, sonhos são tão reais quanto a vida desperta. O que se sonha pode já ter acontecido, estar acontecendo ou vir a acontecer.

  • O pei utupë (uma imagem vital da pessoa) sai do corpo físico no sonho e pode viajar a mundos visíveis ou invisíveis, encontrar seres ausentes ou mortos, lugares distantes, outros seres.

  • Não há uma supremacia da realidade diurna sobre o sonho; ambas coexistem como modos complementares de existência.

  • Sonhar é também uma prática social. É através de narrar sonhos, de compartilhá-los na comunidade, que eles adquirem poder prático: alertas, orientações, conexões, memórias.

  • Xamãs têm papel diferenciado: eles transitam de modo especial entre os níveis do cosmos, mediam os universos dos sonhos, podem recuperar imagens perdidas no sonho, etc.


A Importância Social dos Sonhos


Para os Yanomami, compartilhar sonhos é uma prática comum que fortalece os laços comunitários e oferece orientações práticas. Sonhos podem indicar perigos iminentes ou necessidades de ação, funcionando como alertas coletivos que influenciam decisões e comportamentos dentro da comunidade.


O Sonho como Força Transformadora


Independentemente da perspectiva — seja psicanalítica, geracional ou cultural — o sonho continua sendo uma força vital que impulsiona mudanças pessoais e coletivas. Ele nos permite transcender as limitações da realidade cotidiana, oferecendo um espaço para a imaginação, a esperança e a transformação.


O Sonho como Necessidade Humana


Em um mundo que constantemente nos desafia, o sonho permanece como uma necessidade humana fundamental. Ele nos conecta com nossos desejos mais profundos, com os outros e com o mundo ao nosso redor. Ao resgatar e nutrir nossos sonhos, podemos encontrar forças para enfrentar os desafios da vida e construir um futuro mais significativo e conectado.


Fontes Consultadas:

  • O Desejo dos Outros – Uma Etnografia dos Sonhos Yanomami, Hanna Limulja.

  • Artigo "Millennials, abandonem o sonho: vocês perderam", Folha de S.Paulo.

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